APRESENTAÇÃO

A exposição “O Arquivo Público e os Municípios Catarinenses”, elaborada a partir do acervo documental do Arquivo Público do Estado, é uma verdadeira imersão na história pretérita de Santa Catarina e dos municípios que integram seu território.

A exposição tem como objetivo apresentar documentos de municípios das seis mesorregiões catarinenses, em que são trabalhados os aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais de Santa Catarina a partir da abordagem dos seguintes eixos:

A documentação exposta não é em si a história, senão fragmentos possíveis daquilo que foi guardado e, nesta perspectiva, estes registros refletem múltiplos e ricos aspectos da gestão pública que demonstram os investimentos e as ações do Estado em todo o território catarinense.

  • Economia
  • Infraestrutura
  • Educação
  • Meio Ambiente
  • Saúde
  • Segurança


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O TERRITÓRIO CATARINENSE

A formação do território catarinense foi um processo histórico inserido no contexto da política da expansão colonial portuguesa e a redefinição das fronteiras na América do Sul, passando pela expansão no Brasil império e se consolidando nas primeiras décadas do século XX, após o desfecho da Guerra do Contestado em plena república.

As primeiras povoações em terras catarinenses ocorreram ao longo da costa litorânea, sendo elas Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco do Sul (1658), Santo Antônio dos Anjos da Laguna (1688) e Nossa Senhora do Desterro (1690), atual Florianópolis.

GRANDE FLORIANÓPOLIS

Os domínios da capitania de Santa Catarina abrangiam a Ilha e todo território continental adjacente a ela, o que incluía os termos da Vila de São Francisco do Sul e Laguna. Em torno destas primeiras povoações surgiram outras alimentadas pela “epopeia açórico-madeirense”. E assim, surgem em 1750 São José da Terra Firme (São José), Vila de São Miguel (Biguaçu) e Nossa Senhora do Rosário da Enseada de Brito (Palhoça). Em 1752 surge Vila Nova (Imbituba) e em 1793 Armação de São Joaquim da Garopaba.

Na segunda metade do século XVIII, a falta de uma ligação terrestre entre o litoral e o planalto faz com que o governador de Santa Catarina ordenasse a exploração do terreno para a abertura de uma estrada. Em 1790 foi concluído o caminho com 560 braças que ligava São José a Lages.

A incorporação, em 1820, da Vila Nossa Senhora dos Prazeres de Lages ao território de Santa Catarina – fundada em 1766 – incluiria uma nova peça no mosaico de pequenas unidades distintas, reconfigurando, dessa forma, o território da futura província.

Ao longo da estrada que atravessava a serra para chegar ao planalto, surgem pequenas povoações. A Colônia São Pedro de Alcântara, fundada em 1829, foi o primeiro núcleo colonial instalado neste trajeto.

Lista de colonos alemães de São Pedro de Alcântara e abaixo-assinado que integram um conjunto de documentos relatando um conflito por demarcações de terras entre os termos das freguesias de São José e Porto Belo (em 1833 as terras onde foi instalada a colônia de São Pedro de Alcântara estavam sob a jurisdição da freguesia de Porto Belo). Além do conflito de terras, revela ainda a pobreza e o descaso do império com as 182 famílias que se instalaram na colônia a beira da estrada para Lages.

Acervo. Ofícios das Câmaras Municipais para a Presidência da Província (1832/1833), fls. 25 a 34.

A vinda da Família Real e sua corte para o Brasil (1808) e, posteriormente, a independência do Brasil (1822) deflagraram um grande desafio aos dirigentes da pequena província ao sul. Era necessário ultrapassar os limites naturais imposto pelas Serras Geral e do Mar, tanto quanto necessário se fazia povoar a faixa localizada entre a orla marítima e o planalto.

Embrenhando-se ao poente da Serra Geral após a integração de Lages, o foco era abrir caminhos para os “territórios contíguos”, enfrentar o desconhecido e os “selvagens” que neles habitavam. O conceito de civilidade e, consequentemente, o não reconhecimentos dos povos originais, impulsionou a política de colonização com elementos europeus.

REGIÃO SERRANA

Em 1836 uma nova experiência de colonização ocorre por incentivo do governo provincial de Santa Catarina. Dessa experiência surge a Colônia “Nova Itália”, instalada às margens do Rio Tijucas Grande, nas imediações de São João Batista.

As duas primeiras experiências de colonização implantadas na província acabaram por não dar os frutos esperados, no entanto, a dispersão dos colonos tenha garantido a inserção de forma gradual e sistemática de grupos para além da “boca do sertão”, na busca de terras com condições adequadas para o seu cultivo.

A partir do Segundo Reinado (1840/1889) a política de colonização encetada na província promoveu novas ondas migratórias. Embora movida por mãos de particulares, contou com o evidente apoio do governo imperial. E assim, foram se constituindo as novas colônias com populações não-lusas na província:

Colônia Saí (1841) – São Francisco do Sul, Colônia Dona Francisca (1849) – Joinville, Colônia Blumenau (1850); Colônia Brusque (1858), Colônia Militar Santa Tereza (1850), Colônia Leopoldina (1852) – Biguaçu, Colônia Angelina (1859) e Colônia Santa Isabel (1847).

VALE DO ITAJAÍ

A expansão demográfica caminha rio acima a partir dessas colônias. Adentrando os afluentes, chegam em territórios inexplorados. Essa progressiva ocupação para além do espaço definido das colônias não pode ser dissociada das questões geográficas.

O certo é que os contornos do território favoreceram a formação de diferentes núcleos por todo o grande vale do Itajaí, norte e planalto norte, redesenhando territorialmente e demograficamente a Província.

NORTE CATARINENSE

A partir do último quartel do século XIX, a vinda de novos imigrantes para as lavouras de café e para o Brasil meridional tornou-se uma política econômica delineada pelo governo imperial. É nesse quadro que encontra-se o fluxo de imigração de italianos para Santa Catarina.

A perspectiva do Governo Imperial era promover a imigração de 100 mil italianos em 10 anos, que seriam encaminhados para as regiões das bacias do rio Itajaí, Tijucas e Tubarão. Somado aos italianos, adentram em menor quantidade outros grupos étnicos como: poloneses, belgas, ucranianos, austríacos, húngaros e russos.

Entre os anos de 1875 a 1890 foram criadas as seguintes colônias:

. Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna em torno da Colônia Blumenau;

. Porto Franco (Botuverá) e Nova Trento em torno da Colônia de Brusque;

. Luiz Alves no vale do rio Itajaí-Açú;

. Os núcleos de Azambuja, Pedras Grandes, Treze de Maio, Urussanga, Cocal do Sul e Criciúma no vale do rio Tubarão.

Mesmo com a presença de alguns municípios e vilas, o litoral sul e a região passou a ter um destaque econômico somente com o início das atividades carboníferas e com a construção da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina (EFDTC), aberta ao tráfego em 1884.

SUL CATARINENSE

Ignorando a existência dos povos originais e grupos que se fixaram em terras ao ocidente da serra geral e do mar a partir das expedições vicentistas, paulistas e jesuíticas, ainda nos séculos XVII e XVIII, o domínio sobre o meio oeste, oeste e extremo oeste catarinense ocorreu a partir da exploração do sertão de Lages e a descoberta do Campos de Palmas, entre os anos de 1832 a 1836.

O oeste da província passou a ser sistematicamente povoado após o conflito diplomático entre Brasil e Argentina, conhecido como a Questão de Missiones ou Palmas, encerrado em 1895 e o litígio entre os estados do Paraná e Santa Catarina concluído em 1916, que envolvia a contestação sobre o território que compreendia todo o planalto meridional entre os rios do Peixe e Peperi-Guaçu, parte do atual planalto norte catarinense e extremando ao sul com a zona de influência das fazendas de criação de Lages.

Em meio a questão de limites entre os dois Estados, eclode em 1912 a Guerra do Contestado. O grupo de “sertanejos” instigados pelo messianismo e pela luta pela terra resistiram ao poder e aos coronéis locais, bem como reagiam ao impacto da construção de uma estrada de ferro, que os expulsou da terra onde viviam.

O fim do conflito e a assinatura de acordo entre Paraná e Santa Catarina, em 1916, promoveu a criação de novos municípios como: Mafra (1917), Porto União (1917), Cruzeiro (1917) – Joaçaba, e Chapecó (1917). A partir do Grande Chapecó derivaram-se no extremo oeste os municípios de São Miguel do Oeste (1953) e Dionísio Cerqueira (1953).

A região que engloba o território do meio oeste ao extremo oeste despontou política e economicamente no decorrer do século XX, ficando reconhecida como o celeiro do Estado.

OESTE CATARINENSE

As ações e investimentos dos governos no território catarinense no decorrer dos últimos 300 anos não ofuscam a história anterior ao século XVIII e, nem tão pouco, a história dos povos originários.

Estes estão presentes nos enredos que envolvem as mudanças socioeconômicas implantadas pelos governos catarinenses, denominadas de “progresso” e representativas de um sistema de experiências narradas, pinçadas nas documentações do Arquivo Público do Estado por meio da pesquisa.

FICHA TÉCNICA

Governo do Estado de Santa Catarina
Jorginho Mello
Marilisa Boehm

Secretaria de Estado da Administração
Moisés Diersmann

Diretoria do Arquivo Público
Rodrigo Fernando Beirão

Realização

Ficha Técnica
Exposição “O Arquivo Público e os
Municípios Catarinenses”

Organização
Gerência do Arquivo Permanente – GEARP

Curadoria
Juçara Nair Wollf
Luciano von Frühauf

Pesquisa
Bruno Vormer de Abreu
Juçara Nair Wollf
Luciano Santos da Silva
Luciano von Frühauf
Vitor Borges da Silva

Produção Textual
Juçara Nair Wollf

Produção Gráfica
Luciano von Frühauf

Revisão textual
Sheila Campos da Silva

Agosto/2023

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